segunda-feira, 3 de março de 2014

No trabalho, ainda importa com quem você está fazendo sexo?

Orientação sexual...

Venho escrevendo muitas coisas sobre esse assunto nos últimos dias e achei que era momento de escrever mais um pouquinho aqui. Afinal faz tempo que escrevi algo parecido no blog - Se assumir ou não? Eis a questão!

Mas confesso, não é fácil escrever sobre isso, primeiro porque não é maneira como muitas pessoas pensam e também, porque crescemos acreditando que só existia uma maneira de se comportar no trabalho e quebrar esses tabus e deixar certas crenças para trás é para poucos.



Outro motivo e acredito que ainda mais tenso, é falar sobre sexo. Afinal de contas, sexo deveria ser algo que cabe a cada indivíduo, que "normalmente" ele(a) faz de maneira  privada e em quatro paredes. Sei que existem exceções, e como existem. Mas mesmo assim, cabe a cada um, não é mesmo?

Vou me arriscar a dizer que orientação sexual é o comportamento sexual das pessoas, mas normalmente os heterossexuais preferem traduzir com aquela pergunta - Com quem você está fazendo sexo?

Mark Kaplan e Mason Donovan possuem uma descrição sobre orientação sexual que eu realmente aprecio:

 "Nós definimos orientação sexual de maneira muito maior e mais fundamental. Orientação sexual é como nós nos orientamos em relacionamentos românticos. A experiência de estar amando é muito mais que um comportamento sexual. O que é verdade para heterossexuais é também  verdadeiro para LGBTs."

Imagine só, você chega no trabalho e não sente-se confortável de colocar uma foto de sua família em sua mesa. Tão pouco fala com seus amigos sobre suas aventuras do fim de semana. Jamais fala nada sobre sua vida particular.

É chamado para participar de um team building, onde a intenção é você conhecer melhor todos aqueles seus colegas do trabalho. E o exercício é falar um pouco sobre você, quando não, levar uma APRESENTAÇÃO sobre você. Lá é importante você colocar quem são as pessoas importantes na sua vida. Sem falar que é crucial você falar dos seus hobbies e de suas viagens.

Ah, pense agora uma outra situação:

Aquela pessoa que você vive junto sofre um acidente de carro com você em uma viagem um dia antes de você voltar ao trabalho. Ela se machuca gravemente, precisa faltar para levá-lo ao médico, quer dar carinho, atenção por que vai passar por uma cirurgia. Você liga para o trabalho e primeiro inventa qualquer coisa. Essa mesma pessoa agora precisa de cuidados e precisa achar um médico especialista e você precisa voltar a trabalhar. 

Ao retornar ao trabalho, você precisa rebolar para sair das dezenas de perguntas de todos, além disso, precisa manter todos os detalhes com você. Como você estaria se sentindo?

Estaria produzindo no seu máximo? Estaria totalmente engajado? Você estaria se sentindo completamente feliz com a empresa que você trabalha? Ela é de fato uma grande empresa para se trabalhar?

As empresas ainda estão engatinhando em ter um ambiente inclusivo LGBT. A própria área de RH ainda não sabe como lidar com essa situação. Selecionadores ainda completamente despreparados muitas vezes perguntam o nome do marido ou da esposa (como se fosse um casal heterossexual) nas entrevistas. Como se isso realmente fosse muito importante!

As políticas de RH não deixam claro os direitos de todos em suas políticas e muitas delas colocam o que é usual e comum (na cabeça da maioria) e tratam qualquer situação voltada a questões de orientação sexual como exceção.

Igualdade é igualdade e não exceção. É preciso constar em todos os documentos necessários e principalmente nas políticas, sejam elas: licença paternidade, licença matrimonial, benefícios em casos de adoção, benefícios em casos de mudanças de cidade ou país ou até mesmo licença por luto e todas mais que existirem.

Para mim, as empresas tem um grande papel, senão o maior em transformar e educar as pessoas na inclusão e diversidade. 

As empresas estão mudando? Ou até mesmo, as pessoas estão mudando? Se LGBT você for, você já está se sentindo mais confortável no ambiente de trabalho? Conte aqui para nós!

Um abraço e até a próxima...

Mark Kaplan e Mason Donovan são consultores de RH e escritores do livro: The Inclusion Dividend, 2013.



2 comentários:

  1. Olá, fui selecionador em uma agência de marketing promocional, onde tínhamos o cuidado em questionar o nome do cônjuge para que a pessoa ficasse a vontade em comunicar sua orientação.
    Já que nós do RH tinhamos total liberdade para incluir parceiros nos eventos sociais mesmo sem oficializar na época com união estável, apenas imformavamos morar juntos.

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    1. Que legal a preocupação! Isso é muito importante. Nada melhor que a naturalidade. abraços e obrigado por ler o blog.

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